POESIA com todos os direitos reservados - autora portuguesa Helena Morais.
Com ela, as sensibilidades de capacidades e visão. Com ela, pensamentos, emocões e sentimentos. Em tempos dificéis, ou em tempos diferentes, na presença ou na ausência, a sua expressão será sempre a maior ligação.
Poema - Naqueles olhos
Naqueles olhos, Nem ódio, nem apego, Nem paz, nem desassossego.Naqueles olhos, Iguais, tão desiguais, Nem guerra, nem perdão? Naqueles olhos, Originais, Porque se escondem da afirmação?Naqueles olhos, Que me olham com sinceridade,Que na arte de olhar, Não sabem explicar,Nem a tristeza, nem a felicidade, Porque teimam com a liberdade?Naqueles olhos, Cristalizados, tão reluzentes, Por algo pendentes!Naqueles olhos, Selvagens, De tanto olhar paisagens?Naqueles olhos, Que brincaram juntos, E trocaram muitos assuntos. Naqueles olhos, Existe moralidade?
Poema - A palavra
A palavra, A palavra que fere o ser, E a diversa forma do valer. A palavra, De amor, Ou de sentimento menor. A palavra, Leve, em tempo de perdão. Severa, no de missão. A palavra apaixonada, Poética, Do artista, Inesquecível para o saudosista. A palavra proferida, à espera de ser esquecida. A palavra dada, pelo universo amada.
Poema - Eu falei
Eu falei, Na solidão das alvoradas, Da imortalidade; Eu falei, À liberdade, no berço da tempestade, Da sóbria sociedade, Eu falei. Eu falei, Aos Mares, Sobre veleiros, Por diversos poentes e lugares. Eu falei, Aos vulcões, Do melhor, de futuras realizações. Eu falei. Eu falei, Ao anoitecer, Com Deus senti adormecer, Senti, As estrelas brilharem nos teus, Eu falei, Nelas, fulgura a paz, Livre serás capaz, Eu falei, ao sol da vida, que vive suave, esperando, Olhando, implorando, Da vida, que rejeitou a partida, Eu falei, sem lhe conhecer o pôr, Despida , nos ritmos do Amor, Vivos, as aventuras que perdoei, Eu falei, Eu falei às àguas da cascata, De voz sensata, sentimos bater igual, nas terras de Portugal.
Poema - Esperança
Esperança, Quando alguém chora, Porque chegou a hora, Do nascimento? Ou do esquecimento? Esperança, sobre mar, veleiros reluzem, E pescadores o céu seduzem. Esperança, Aos olhos, nas alturas, Onde há sensações puras. Esperança, Depois da chuva além, O arco-iris fica bem. Esperança, sobre terra numa flor, somente de amor.
Poema- Porquê o amar
Porquê o amar, Do amor de amar, Quando se pode odiar? Porquê o amar, Do vento, Nu, o sentimento. Porquê o amar, Das ondas do mar, Como no alto, as estrelas, Olhar, não me libertai delas, Porque me devolvem o sonhar. Porquê o amar, De alguém desatento, Ou que não têm alento? Porquê o amar, se há tanto para amar? Porquê o amar, De quem nos põde sufocar. Oh, que esta tortura de amar! Por tempos de amores e desamores, nos campos de flores! Porquê o amar, da opulência e da trama, Que inocência me ama! Porquê o amar, da saudade, cercada por natureza de liberdade? Porquê o amar, Das cinzas, restos mortais e vida? Crente, a lágrima sentida? Porquê o amar, Se se anda atrás, Do amor que deixa paz?
Poema - Bem por amor
Bem, por amor, Que dele se vive, E se morre, Se sofreu e nasceu. Bem, por amor, À natureza que o ama, Onde se sente em chama! Bem, por amor, Que chora no inferno, E se partilha fraterno. Bem, por amor, Que de amor perdido, À liberdade servido. Bem, por amor, Que a morte ama, Para docemente o fundir, E, bem mais amor o sentir.
Poema . Escrevem na neblina
Observai, escrevem na neblina, A mais alta , esconde o fim, Eles não compreendem enfim, Um dia, eu hei-de entender, Porque lá andam a escrever. Observai, escrevem na neblina, Por dias gelados, sob sóis, Envoltos de aves e girassóis. Observai, escrevem na neblina, Sentados nas pedras dos prados, Por vezes, versos indelicados. Observai, escrevem na neblina, A grandes alturas, Cada um as suas loucuras! Observai, escrevem na neblina, Dos altares, À vista dos olhares, Amores sublimes! Observai, escrevem na neblina, Sobre paisagens admiráveis, Estilos graciosos, incomparáveis. Observai, escrevem na neblina, Por praias, a história das marés, Que estranho, escrevem lá com os pés! Observai, escrevem na neblina, De espuma, Tanta fortuna, como Amor, Oh, tanto Amor! Sem glória, nem louvor! Contra as neblinas escrevem, Palavras imortais, Os seus ideais. Observai, escrevem na neblina, dos lagos, sobre golfinhos, a sua liberdade, Com soberba vaidade, As futuras liberdades dos caminhos!
Poema - Andorinha do amor
Sou a andorinha do amor, Ave a sobrevoar por sagrados despachos, Sobre mares de deslumbramento, Para Descobrir um recanto melhor, No sol que há-de brilhar, Em jardins discretos, Na sabedoria de anciães arvoredos, Até no ondular do vento, Na secura dos riachos, Nessa força de acreditar, Atravessei oásis e desertos, Por findar a estação do calor! Importo sonhos poéticos, Inconstantes, De pura paixão, Fogo e ilusão, Da entrega dos amantes, As lágrimas de desilusão, Lembrando vidas, Caíram nas agitadas partidas.
Poema - O nosso amor foi escrito
Nosso amor foi escrito, Na carta perfeita, Escrito, Como carícia bem-feita.
Nosso amor foi escrito, Escrito, Repetidas vezes, Escrito, Sob benção dos deuses. Nosso amor foi escrito, Numa lágrima caída, Escrito, Desta vida querida. Nosso amor foi escrito, Com o dia prestes a nascer, Escrito, Por vagas de saudade, Sob estrelas celebridade, Escrito, Para não se perder no amanhecer, Escrito com amor.
Poema - Amor ausente
Este mundo nefasto, Esta monotonia, Sem cor, Sob guerra, Como anjo transformado Em fera, Pelo ódio acompanhado, Tempo veloz como água fria, Bravia, Demasiado turva, Esmagado sobre terror, O passáro que pia, O animal enraivecido, Uma criança a chorar, Alguém esquecido, Uma arma a disparar, A explosão que ensurdece, A multidão em movimento, A tentar não mostrar pânico, Ansiedade no desaparecimento, Convém saber manusear bem a espada, E perfurar o coração quente, A querer não dói nada, Amor ausente.
Poema O repouso do mar
Sinto, e observo este mar, Calmo, por vezes revolto, Confidente, Traiçoeiro, Com os encantos da existência, E as nuvens que por ele passam, Quando o sol se esconde, Quando a viver e a sonhar Se morre, Neste mar de sentimento, De espuma, Por que te irei deixar repousar ó mar? Por que te irei deixar repousar ó mar? Olha só este mar, Com estrelas à noite, Quando o navio se aventura, Sem pressa de regressar ao cais, Através da saudade, Com a solidão ao amanhecer, Por que te irei deixar repousar ó mar? Por que te irei deixar repousar ó mar? Não peças nada ao mar, Só amor, Que chama, Em fogo ondulante, A ilusão não surpreende a sua poesia, Mas se tudo começa do amor, Por que te irei deixar repousar ó mar? Por que te irei deixar repousar ó mar? Sentimento, Espuma, Eu vou deixar-te ó mar, deixa-te tranquilamente repousar.
Poema - O que sinto
O que sinto, É amor de amar, Quando amor o sinto. O que sinto, É amor de liberdade, A liberdade de livre ser, Sem a ter, Quando a liberdade a sinto. O que sinto, É sentimento, De pena desmedida, É amor em ferida. O que sinto, Se me falta, A saudade, Cheiro a austeridade farta, Sem, nem sensibilidade.